“No exílio desde 1959, até o próprio Dalai Lama deixou de lutar pela independência e exige “um alto nível de autonomia”, dando mesmo como exemplo o governo de Macau – território chinês administrado localmente, só sujeito à China em questões de defesa e negócios estrangeiros.
Pequim, no entanto, nem quer ouvir falar em autonomia alargada para o que chama Região Autónoma do Tibete, temendo a instabilidade de um efeito dominó e receando que, ao alargar a autonomia tibetana, tenha de o fazer com todas as outras províncias, cedendo o controlo do governo central. A legitimidade histórica do domínio do território continua por isso em disputa entre o lado chinês e o lado do Dalai Lama.
Sarah Davis, antropóloga e etnóloga com investigação no Tibete garante que “a região sempre foi um reino independente ou semi-independente de maioria budista, regida pelo líder máximo da hierarquia do Budismo Tibetano, o Dalai Lama” e que, “ainda aintes da fundação da República Popular da China, foi prometido aos tibetanos que, mais tarde, se quisessem, poderiam declarar a independência da China Comunista”. “A promessa foi renegada e o que lhes foi dado foi uma autonomia nominal que, veio a ver-se, nem sequer é autonomia”, afirma Sarah Davis, lembrando que é o governo central chinês que escolhe e impõe o governo do Tibete e todas as políticas para a região.
A legitimidade política da China sobre o Tibete é cada vez menos posta em causa e é aceite em todo o Mundo, ao contrário da forma como Pequim trata os tibetanos, que merece condenação quase universal.
Na lista de atropelos dos Direitos Humanos no Tibete realizada pelo Departamento de Estado dos EUA, quase nenhuma violação escapa: dos assassínio às torturas, das prisões políticas aos trabalhos forçados e condenações a campos de reeducação pelo trabalho, prisões arbitrárias, repressão às liberdades de culto e de religião, restrição à liberdade de movimentos e opressão de minorias.
Ben Hillman, da Universidade Nacional da Austrália refere: “É cada vez mais provável que os chineses esperem até ao falecimento do Dalai Lama, que já tem 72 anos, na esperança de que o apelo internacional da causa tibetana desapareça com ele” “
. Mal Entendidos, Kem Os Nã...